Pornochanchada é um gênero do cinema brasileiro, comum na década de 70. Surgiu em São Paulo, e contou com uma produção bem numerosa e comercial. A mais conhecida produção era a da chamada boca do lixo, região de prostituição existente na zona central da cidade de São Paulo. Dessa fonte despontaram vários diretores de talento (Cláudio Cunha; Alfredo Sternheim; Ody Fraga; Fauzi Mansur, entre outros) que souberam usar o que dava bilheteria na época (filmes eróticos softcore) para fazer filmes de grande valor estético e formal. .
Chamado assim por trazer alguns elementos dos filmes do gênero conhecido como chanchada e pela dose alta de erotismo que, em uma época de censura no Brasil, fazia com que fosse comparado ao gênero pornô, embora não houvesse, de fato, cenas de sexo explícito nos filmes. A censura, que não era política mas de costumes, exigia que os filmes cumprissem diversas exigências, sem as quais os mesmos seriam sumariamente proibidos (muitos foram liberados totalmente retalhados pelos cortes, o que os tornava incompreensíveis). Dentre essas exigências, havia várias como mostrar um seio de cada vez, etc. Com o tempo, essa e outras exigências foram amenizadas com a liberação dos costumes e a abertura política iniciada em 1977, até que com o fim da censura em 1984, o gênero foi substituído pelos filmes pornográficos exibidos em salas especiais.
A pornochanchada revelou algumas atrizes que depois ficaram famosas na TV e passaram, de certa forma, a esconder de seus currículos a participação nos filmes do gênero.
A pornochanchada iniciou sua decadência nos anos 80, com o fim da obrigatoriedade das cotas de exibição de fitas nacionais, o surgimento do videocassete e a exibição de filmes de sexo explícito nos cinemas.
Com o fim delas acabou também a fama e o estrelato de alguns atores e atrizes que não conseguiram mudar de estilo ou ir para a TV. Alguns conseguiram pequenos trabalhos na televisão e no teatro, como Matilde Mastrangi, David Cardoso, Nicole Puzzi e Aldine Muller, enquanto outros simplesmente desapareceram, como Helena Ramos, Zaira Bueno, Noelle Pinne, Carlo Mossy, Rossana Ghessa, Zilda Mayo e Francisco Di Franco.
Segundo Matilde Mastrangi [1], o grande problema para eles é que não tinham talento para continuar fora da pornochanchada.
A maior consequência do gênero foi marcar o cinema brasileiro como sinônimo de um cinema repleto de nudez e de palavrões. Durante os anos 90 foi comum as emissoras de tv exibirem filmes nacionais em horários avançados, dando a entender que seriam como sessões eróticas. Destacam-se aqui os programas "Sala Especial", na TV Record, no começo dos anos 80, e "Cine Brasil", na CNT, entre 1997 e 1998.
↑ Entrevista a Nuno Cesar Pereira de Abreu, em 2001, em sua tese de doutorado Boca do Lixo: Cinema e Classes Populares
Canal Brasil
Lista de filmes do gênero Pornochanchada
Lista de gêneros cinematográficos
Entrevista a Cláudio Cunha - Cineasta
Pornochanchada: Capítulo Estilizado e Estigmatizado da História do Cinema Nacional
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